Por anos, a minha cozinha foi um campo de batalha. A comida era o inimigo. Alguns alimentos eram infantaria leve, outros eram artilharia pesada. Meu corpo era o território a ser conquistado, e eu era o general de um exército que estava sempre perdendo. Eu vivia em estado de sítio, entrincheirado em dietas restritivas, lançando ataques de culpa e me defendendo com promessas de “amanhã eu compenso”.
Essa guerra constante me consumia. Minha mente estava sempre ocupada, calculando, planejando, julgando. Minha energia era drenada não pela comida em si, mas pelo estresse da batalha. Eu estava exausto de lutar.
A mudança não veio de uma nova estratégia de guerra, mas de uma decisão de depor as armas. Eu decidi assinar um tratado de paz. Decidi que não queria mais brigar. Eu queria viver.
Parei de ver a comida como “boa” ou “má” e comecei a vê-la como… comida. Fonte de energia, de prazer, de cultura, de memória. Parei de ver meu corpo como um inimigo a ser domado e comecei a vê-lo como meu aliado mais leal, que me enviava sinais de fome, saciedade e satisfação, e que eu havia ignorado por tanto tempo.
Ao fazer as pazes com o prato, uma paz muito maior começou a se instalar em mim.
A ansiedade em torno das refeições desapareceu.
A energia que eu gastava me culpando foi liberada para viver, para rir, para criar.
Meu corpo, finalmente livre do estresse crônico da guerra, começou a encontrar seu próprio equilíbrio natural. A digestão melhorou, o inchaço diminuiu, o sono se tornou mais profundo.
Tudo, absolutamente tudo, melhorou quando eu parei de brigar com a comida. Eu descobri que a verdadeira vitória não estava em conquistar meu corpo, mas em me render à sabedoria dele.
A “Receita” da Paz: Os Artigos do Tratado
Esta não é uma receita de comida, mas os artigos de um acordo de paz que você pode assinar consigo mesmo, para transformar sua relação com a alimentação.
Dica do Mestre: Um tratado de paz não é assinado da noite para o dia. É um processo de desarmamento gradual. Seja gentil consigo mesmo. Haverá velhos reflexos de batalha. Apenas reconheça-os e lembre-se de que você escolheu a paz.
Os 4 Artigos do Seu Tratado de Paz
Artigo 1: Fim das Hostilidades (Rejeite a Mentalidade de Dieta)
O Compromisso: Eu, por meio deste, declaro o fim de todas as dietas restritivas, listas de alimentos proibidos e qualquer forma de policiamento alimentar. Nenhum alimento será mais rotulado como “inimigo”.
O Propósito: Isso remove a principal causa da guerra: a mentalidade de privação. Quando nada é proibido, a comida perde o poder de controle sobre você.

Artigo 2: Diplomacia e Escuta Ativa (Honre Seus Sinais Internos)
O Compromisso: Eu me comprometo a ouvir e a honrar os sinais do meu corpo. Comerei quando sentir fome física e buscarei parar quando me sentir confortavelmente satisfeito. Eu confio que meu corpo sabe do que precisa.
O Propósito: Isso transfere o poder de controle de regras externas (calorias, horários) para a sua sabedoria interna. Você se torna o maior especialista em você mesmo.
Artigo 3: Acordos de Prazer (Permita a Satisfação)
O Compromisso: Eu reconheço que o prazer é um componente essencial de uma alimentação saudável. Eu me permito comer alimentos que me dão satisfação e alegria, saboreando-os com presença e sem culpa.
O Propósito: Quando você se permite o prazer, a necessidade de comer grandes quantidades para se sentir satisfeito diminui. A satisfação se torna mais importante que o volume.
Artigo 4: Anistia e Reconstrução (Pratique a Autocompaixão)
O Compromisso: Eu entendo que haverá momentos em que comerei por emoção ou passarei do ponto de saciedade. Nesses momentos, eu me oferecerei anistia total e incondicional. Não haverá punição ou compensação. A próxima refeição será simplesmente uma nova oportunidade de praticar a paz.
O Propósito: A autocompaixão é o que impede que um pequeno deslize se transforme em uma nova declaração de guerra. É o que garante que a paz seja duradoura.
Assinar este tratado é a jornada mais libertadora que você pode empreender. É o caminho para descobrir que a comida nunca foi a inimiga. A guerra sempre foi interna. E a paz também.
Você está pronto para assinar seu tratado de paz?
Se essa jornada de reconciliação ressoou com você, saiba que a paz com seu prato está ao seu alcance.
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Conte pra gente nos comentários: qual artigo do Tratado de Paz você vai começar a praticar hoje?