A etiqueta “Zero Açúcar” se tornou um dos selos mais poderosos da indústria alimentícia. Para milhões de pessoas, especialmente diabéticos, pré-diabéticos ou qualquer um tentando reduzir o consumo de açúcar, ela funciona como um sinal verde, uma permissão para consumir aquele produto sem culpa ou medo. Biscoitos, refrigerantes, iogurtes, chocolates – a promessa é de que podemos ter o sabor doce sem as consequências do açúcar.
No entanto, essa promessa pode ser uma ilusão perigosa. Embora tecnicamente o produto não contenha sacarose (o açúcar de mesa), o que é usado para substituí-lo e para dar corpo ao alimento pode, em muitos casos, ser tão ou mais problemático para a nossa saúde e, ironicamente, para o nosso açúcar no sangue.
A verdade é que “zero açúcar” não é sinônimo de “saudável” nem de “zero impacto na glicemia”.
Problema 1: O Impacto dos Adoçantes Artificiais na Microbiota
Para substituir o açúcar, a indústria utiliza uma gama de adoçantes artificiais ou sintéticos (sucralose, aspartame, sacarina, etc.). Embora eles não contenham calorias e não elevem o açúcar no sangue diretamente, estudos crescentes mostram que eles não passam pelo nosso corpo de forma inerte.
Esses adoçantes podem alterar drasticamente a nossa microbiota intestinal, o ecossistema de trilhões de bactérias que vive em nosso intestino. Eles podem favorecer o crescimento de bactérias “ruins” em detrimento das “boas”, causando um desequilíbrio (disbiose). Uma microbiota desequilibrada está associada a uma série de problemas, incluindo:
Piora da tolerância à glicose: Ironicamente, o consumo regular de alguns adoçantes pode prejudicar a capacidade do corpo de lidar com o açúcar verdadeiro no futuro.
Aumento da inflamação: A disbiose pode levar a um estado de inflamação crônica de baixo grau, que é a raiz de muitas doenças metabólicas.
Aumento do desejo por doces: Alguns estudos sugerem que, ao oferecer um sabor doce intenso sem as calorias correspondentes, os adoçantes podem confundir os sinais de saciedade do cérebro, mantendo o desejo por doces sempre ativo.
Problema 2: A Farinha Refinada, o “Açúcar Escondido”

Este é o segredo mais bem guardado dos produtos “zero açúcar”, especialmente em biscoitos, bolos e pães. Para criar a estrutura e o volume do produto, a indústria remove o açúcar, mas o substitui por uma quantidade ainda maior de farinha de trigo refinada (branca).
O que é a farinha branca? É um carboidrato de altíssimo índice glicêmico. Quando consumida, ela é digerida e absorvida pelo corpo de forma extremamente rápida, transformando-se em glicose na corrente sanguínea quase tão velozmente quanto o açúcar puro.
Muitas vezes, um biscoito “zero açúcar” pode ter um impacto no seu açúcar no sangue igual ou até maior do que a sua versão original, pois a carga de farinha refinada para compensar a ausência do açúcar é enorme. A pessoa come achando que está fazendo uma escolha segura, mas sua glicemia dispara da mesma forma.
Como Navegar Nesse Cenário?
A solução não é demonizar todos os produtos, mas sim se tornar um leitor de rótulos mais inteligente e cético.
Leia a Lista de Ingredientes: Não pare no “Zero Açúcar” da embalagem. Vire o pacote e leia a lista de ingredientes. O primeiro item é “farinha de trigo enriquecida com…”? Se sim, saiba que aquele produto terá um impacto glicêmico significativo.
Questione os Adoçantes: Veja qual adoçante está sendo usado. Pesquise sobre ele. Prefira produtos que usam adoçantes naturais com menor impacto, como o eritritol ou a estévia, e consuma-os com moderação.
Priorize Comida de Verdade: A regra de ouro continua sendo a mais eficaz. A melhor forma de evitar o açúcar e seus substitutos problemáticos é focar em alimentos que não precisam de rótulo: frutas, vegetais, carnes, ovos, nozes e sementes.
O selo “zero açúcar” pode ser uma ferramenta útil, mas ele não substitui o bom senso e o conhecimento. A verdadeira liberdade alimentar vem de entender o que realmente estamos comendo.
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