Para quem não conhece, a imagem de um grupo de pessoas compartilhando a mesma cuia e a mesma bomba (o canudo de metal) pode parecer estranha. No entanto, para milhões de pessoas na América do Sul, a roda de mate (seja o chimarrão quente no sul do Brasil, Uruguai e Argentina, ou o tereré gelado no Paraguai e Centro-Oeste brasileiro) é um dos rituais sociais mais importantes e sagrados.
É um símbolo de amizade, hospitalidade e comunhão. E, como todo ritual social importante, ele possui um “código de etiqueta” próprio, um conjunto de regras não escritas que são passadas de geração em geração e que todo participante deve respeitar para não cometer uma gafe ou, pior, uma ofensa.
Se você for convidado para uma roda de mate, conhecer estas regras é fundamental para se integrar e mostrar respeito pela tradição.
As Regras de Ouro da Roda de Mate
O Preparador é o Primeiro a Beber: Quem prepara o mate (o “cevador”) sempre bebe a primeira cuia. Isso não é um ato de egoísmo. A primeira “mateada” é geralmente a mais amarga e forte, e pode vir com um pouco de pó da erva. O preparador “lava a bomba” e testa a qualidade do mate, garantindo que os próximos a beber recebam uma cuia perfeita.
A Roda Tem um Sentido Fixo: O mate sempre circula em um sentido único, geralmente anti-horário. O cevador serve a cuia e a entrega para a pessoa à sua direita, que bebe e a devolve. O cevador então serve o próximo na roda, e assim por diante. Não se deve pular a vez ou passar a cuia para outra pessoa.
NÃO Mexa na Bomba: Esta é, talvez, a regra mais importante e a ofensa mais grave. Nunca, jamais, em hipótese alguma, mexa na bomba. A bomba foi cuidadosamente posicionada pelo cevador para garantir o melhor fluxo de água e evitar que a erva entupa o canudo. Mexer na bomba é como dizer, sem palavras, que a pessoa que preparou o mate não sabe o que está fazendo. É uma grande gafe.
Beba Todo o Conteúdo da Cuia: Não é para tomar um golinho e passar adiante. Você deve beber toda a água da cuia, até ouvir o som característico do “ronco” da bomba, que indica que a água acabou. Esse som não é falta de educação; pelo contrário, é o sinal para o cevador de que você terminou e que ele pode preparar a próxima cuia.

NÃO Agradeça (Até o Final): Em uma roda de mate, a palavra “obrigado(a)” tem um significado muito específico: “Não quero mais”. Se você agradece ao devolver a cuia, o cevador entenderá que você está saindo da roda e não lhe servirá mais. O agradecimento é um gesto de despedida. Enquanto você quiser continuar bebendo, simplesmente devolva a cuia em silêncio.
Não Peça Açúcar: O chimarrão tradicional é amargo. Pedir para adoçar o mate é uma ofensa ao gosto do preparador e à tradição. Se você não gosta do amargor, é mais educado simplesmente recusar a participação na roda.
Não Demore uma Eternidade: A roda de mate é um momento de conversa e comunhão, mas a cuia não é um microfone. Beba em um ritmo normal e passe a cuia adiante. Ficar com a cuia na mão por tempo demais “esfria a roda” e quebra o fluxo do ritual.
A Cuia é o Foco: Ao receber a cuia, a etiqueta sugere que você pare o que está fazendo, segure-a com a mão direita e se concentre no ato de beber. É um momento de pausa e respeito.
O ritual do mate é muito mais do que apenas beber uma infusão. É sobre compartilhar um momento, um espaço e um sentimento de pertencimento. Conhecer e respeitar sua etiqueta é a melhor forma de honrar essa tradição e ser sempre bem-vindo na roda.
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