O Ketchup Já Foi Vendido Como Remédio Para Indigestão

Hoje, o ketchup é o rei dos condimentos, o parceiro inseparável da batata frita e do hambúrguer, um símbolo da culinária rápida e do sabor agridoce. É difícil imaginar uma cozinha ou lanchonete sem o icônico frasco vermelho. Mas, se voltássemos no tempo para a década de 1830, você não encontraria o ketchup na seção de alimentos, mas sim na prateleira da farmácia.

Sim, por um período fascinante da história, o ketchup de tomate foi vendido não como um molho, mas como um remédio patenteado, uma cura milagrosa para uma série de doenças, principalmente a indigestão.

A Origem: Um Molho Sem Tomates

Para entender essa história, precisamos saber que o ketchup original não tinha nada a ver com tomates. Ele descende de um molho fermentado de peixe e soja chamado “kê-tsiap”, originário da Ásia. Marinheiros britânicos e holandeses trouxeram a ideia para a Europa, onde ele foi adaptado com ingredientes locais, como cogumelos, anchovas e nozes.

A Revolução do Tomate e a Entrada na Medicina

A grande virada aconteceu no início do século XIX, quando os tomates, antes vistos com desconfiança e até considerados venenosos por alguns, começaram a ser incorporados à receita. Em 1834, um médico de Ohio, nos Estados Unidos, chamado Dr. John Cooke Bennett, viu um potencial medicinal no novo condimento.

O Dr. Bennett começou a proclamar que os tomates eram uma panaceia para todos os males. Ele alegava que eles poderiam curar diarreia, indigestão, icterícia e reumatismo. Ele então desenvolveu sua própria receita de ketchup de tomate, concentrou-a e a transformou em pílulas.

Essas “pílulas de extrato de tomate” foram um sucesso comercial estrondoso. O Dr. Bennett publicou artigos em jornais e revistas médicas da época, exaltando as virtudes de seu “remédio”. Logo, uma onda de imitadores surgiu, e o mercado foi inundado com dezenas de marcas de “ketchup medicinal”, cada uma com suas próprias alegações de cura.

O Fim da Era Medicinal

A bolha do ketchup medicinal estourou em poucos anos. A concorrência acirrada levou a uma guerra de alegações cada vez mais bizarras e fraudulentas. Muitos dos produtos vendidos por charlatães nem sequer continham tomate, sendo apenas uma mistura de laxantes e corantes.

O público perdeu a confiança, e a comunidade médica começou a desmascarar as alegações exageradas. Em meados do século XIX, o ketchup abandonou as farmácias e migrou de vez para a cozinha. Foi só no final do século, com a fundação da empresa Heinz e a criação de uma receita estável e segura (com muito vinagre e açúcar como conservantes), que o ketchup de tomate se consolidou como o condimento que conhecemos e amamos hoje.

Da próxima vez que você colocar ketchup no seu lanche, lembre-se de sua breve e bizarra carreira como um remédio milagroso, uma cápsula de história que nos mostra como a linha entre comida e medicina já foi muito mais tênue.

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