Eu costumava pensar que “comer bem” era um destino. Um lugar onde eu chegaria quando soubesse todas as regras, quando meu corpo estivesse de um certo jeito, quando eu tivesse a dieta “perfeita”. Eu seguia cardápios, contava macros, copiava os hábitos de pessoas que eu admirava, sempre buscando uma fórmula externa que resolvesse minhas questões internas. Mas eu nunca chegava a esse destino.
A grande mudança aconteceu quando eu parei de olhar para fora e comecei a olhar para dentro. Percebi que a comida não era a resposta, mas sim a pergunta. E cada refeição era uma oportunidade de me conhecer melhor.
Comecei a notar padrões. Por que eu buscava doces quando estava me sentindo sozinho ou ansioso? Por que uma refeição pesada e gordurosa me deixava letárgico e sem criatividade no dia seguinte? Por que um prato leve e colorido me dava uma sensação de clareza e energia?
Descobri que meu corpo era um mapa incrivelmente preciso das minhas emoções e necessidades. A vontade de comer algo crocante podia ser estresse acumulado. A busca por carboidratos, uma necessidade de conforto e segurança. A preferência por comidas leves, um desejo de me sentir mais ágil e livre.
Descobri que comer bem não é sobre seguir regras, mas sobre se fazer as perguntas certas. É um processo contínuo de autoconhecimento. É aprender a diferenciar a fome física da fome emocional. É entender que o que nutre meu corpo em um dia pode não ser o que ele precisa no outro. É respeitar minha história, minhas memórias afetivas e minhas necessidades do momento. Comer bem, afinal, não é sobre se tornar outra pessoa. É sobre se tornar, cada vez mais, você mesmo.
A “Receita” do Autoconhecimento: O Diário Alimentar de Sensações
Esta não é uma receita de comida, mas uma receita para a consciência. É uma ferramenta simples para começar a traçar o mapa entre o que você come e como você se sente, transformando cada refeição em uma lição.
Dica do Mestre: Faça isso sem julgamento. O objetivo não é se criticar ou se rotular como “bom” ou “ruim”. O objetivo é a pura observação, como um cientista curioso investigando um fenômeno fascinante: você mesmo.

Como Praticar o Diário de Sensações
Por uma semana, pegue um caderno simples e, para cada refeição principal, anote as respostas para estas três perguntas:
1. Antes de Comer: Qual é a minha fome?
Anote: Como estou me sentindo agora? (Ansioso, cansado, feliz, entediado?). Qual é a minha fome? É física (estômago roncando, falta de energia) ou emocional (desejo de me distrair, de me confortar)?
O porquê: Este passo te ajuda a identificar os gatilhos que te levam a comer, criando uma pausa entre o impulso e a ação.
2. Durante a Refeição: O que estou comendo?
Anote: Descreva brevemente o que você comeu. (Ex: “Salmão grelhado, arroz integral e salada colorida” ou “Pedaço de bolo de chocolate e café”).
O porquê: Apenas o ato de registrar já aumenta a consciência sobre suas escolhas, sem a necessidade de contar calorias ou pesar alimentos.
3. 1-2 Horas Depois de Comer: Como meu corpo respondeu?
Anote: Como me sinto fisicamente? (Com energia, inchado, sonolento, leve?). E emocionalmente? (Satisfeito, culpado, feliz, ansioso?).
O porquê: Esta é a etapa mais reveladora. É aqui que você começa a ver as conexões diretas. “Ah, quando eu como X, meu corpo se sente pesado”. “Nossa, depois de comer Y, minha mente fica muito mais clara”.
Ao final da semana, leia suas anotações. Você não terá um plano de dieta, mas algo muito mais valioso: um vislumbre do seu manual de instruções pessoal. Um primeiro passo na deliciosa e infinita jornada de se conhecer através do que você come.
O que sua alimentação te ensinou sobre você mesmo?
Se essa jornada de autodescoberta ressoou com você, saiba que este é um caminho que todos podemos trilhar.
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Conte pra gente nos comentários: qual foi a maior lição que você aprendeu ao prestar atenção na sua própria alimentação?