Por mais de 40 anos, o ovo sentou no banco dos réus da nutrição. Acusado de ser o grande vilão do colesterol, ele foi banido do café da manhã de milhões de pessoas, que o substituíram por opções supostamente mais “seguras” para o coração. O raciocínio parecia simples: a gema do ovo é rica em colesterol, logo, comer ovos aumenta o colesterol no sangue. 🍳🚫
Mas, nas últimas décadas, uma avalanche de estudos científicos robustos não apenas questionou, mas derrubou essa crença. A ciência moderna veio para absolver o ovo, mostrando que a história é muito mais complexa e que, para a grande maioria das pessoas, ele é, na verdade, um grande amigo da saúde.
A Grande Confusão: Colesterol da Dieta vs. Colesterol do Sangue
O erro fundamental foi confundir o colesterol que comemos (dietético) com o colesterol que circula no nosso sangue (sanguíneo). Eles não têm uma relação de causa e efeito tão direta quanto se pensava.
O seu corpo, especialmente o fígado, é o principal produtor de colesterol. Ele fabrica a maior parte do colesterol de que precisa para funções vitais, como a produção de hormônios (testosterona, estrogênio), vitamina D e ácidos biliares que ajudam na digestão.
A ciência descobriu que o corpo humano possui um mecanismo de regulação muito inteligente:
Quando você come mais colesterol, seu fígado produz menos.
Quando você come menos colesterol, seu fígado produz mais.
É um sistema de compensação. Para cerca de 70% da população (os “normorrespondedores”), o colesterol consumido na dieta tem um impacto mínimo ou nulo nos níveis de colesterol no sangue.
O Verdadeiro Vilão: Gorduras Saturadas e Trans
A ciência hoje sabe que os verdadeiros vilões dietéticos que impactam negativamente o perfil de colesterol no sangue (aumentando o LDL, o “colesterol ruim”) são o consumo excessivo de gorduras saturadas e, principalmente, de gorduras trans.
Onde elas são encontradas? Em alimentos ultraprocessados, frituras, margarinas, bolos industrializados, sorvetes e carnes gordurosas.
Um ovo grande contém cerca de 1.5g de gordura saturada, uma quantidade baixa, e é livre de gordura trans. Ele é, na verdade, uma potência nutricional.

O Ovo: Um Superalimento Injustiçado
Longe de ser um inimigo, o ovo é um dos alimentos mais completos e nutritivos que existem:
Proteína de Alta Qualidade: Contém todos os nove aminoácidos essenciais em proporções perfeitas.
Vitaminas e Minerais: É uma fonte riquíssima de colina (essencial para o cérebro), vitaminas B12, D, A, e minerais como o selênio.
Antioxidantes: A gema contém luteína e zeaxantina, antioxidantes poderosos para a saúde dos olhos.
Saciedade: A combinação de proteína e gordura promove uma grande saciedade, ajudando no controle do peso.
Amigo, com Moderação
Para a vasta maioria da população saudável, o consumo de 1 a 2 ovos por dia é perfeitamente seguro e benéfico, não representando um risco para a saúde do coração.
A exceção fica para uma pequena parcela da população (os “hiper-respondedores”), que pode ter uma predisposição genética para um aumento do colesterol com o consumo de ovos. Pessoas com diabetes ou histórico familiar de hipercolesterolemia devem conversar com seu médico ou nutricionista para individualizar a recomendação.
Mas, para o resto de nós, a mensagem da ciência é clara: o ovo não é o vilão. O verdadeiro inimigo é um padrão alimentar pobre, baseado em ultraprocessados, e não um alimento natural e nutritivo como o ovo. Pode fazer as pazes com o seu omelete.
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