Ao escolher um iogurte de morango, um suco de frutas vermelhas ou uma bala de cereja, você espera que aquela cor vermelha vibrante venha, bem, da própria fruta. No entanto, em muitos casos, a origem desse tom rubi intenso é muito mais surpreendente e, para alguns, um pouco chocante: ela vem de milhares de insetos esmagados. 🐞➡️🍓
Não se trata de uma contaminação acidental. É um processo intencional e milenar para a produção de um dos corantes naturais mais estáveis e potentes do mundo: o Carmim de Cochonilha.
O Que é a Cochonilha?
A cochonilha (Dactylopius coccus) é um pequeno inseto parasita que vive em cactos do gênero Opuntia, encontrados principalmente na América do Sul e no México. As fêmeas do inseto produzem uma substância chamada ácido carmínico, que serve como uma defesa natural contra predadores. É esse ácido que, quando extraído e processado, resulta no corante carmim, de um vermelho profundo e brilhante.
A prática de usar cochonilhas para tingimento não é nova. Os povos Astecas e Incas já a utilizavam há séculos para tingir tecidos com uma cor vermelha luxuosa, que era considerada mais valiosa do que o ouro.
Como o Inseto Vira Corante?
O processo, em sua essência, mudou pouco ao longo dos séculos.
Os insetos são colhidos dos cactos, geralmente com escovas duras.
Eles são então secos ao sol.
Por fim, os insetos secos são moídos até virarem um pó fino.
Esse pó é então processado com água quente e outros agentes para extrair o ácido carmínico puro, que se torna o corante carmim.
São necessários cerca de 70.000 insetos para produzir apenas meio quilo de corante, o que o torna um dos corantes naturais mais caros do mercado.

Onde Ele Está Escondido? Como Identificar no Rótulo?
Por ser de origem natural e muito estável ao calor e à luz, o carmim é amplamente utilizado pela indústria alimentícia e cosmética. Você pode encontrá-lo em:
Iogurtes e bebidas lácteas de morango, framboesa ou frutas vermelhas.
Sucos, néctares e refrigerantes.
Doces, balas, gelatinas e sorvetes.
Salsichas, linguiças e outros produtos de carne processada.
Batons, sombras e blushes (é um dos corantes vermelhos mais comuns em maquiagem).
Para identificar, procure na lista de ingredientes do rótulo por:
Corante natural carmim de cochonilha
Carmim
Cochonilha
CI 75470
É Seguro? E a Questão Ética?
A grande maioria das agências reguladoras, incluindo a ANVISA no Brasil, considera o carmim de cochonilha seguro para o consumo humano. As reações alérgicas são raras, embora possíveis.
A principal questão em torno do seu uso é ética e de transparência. Para veganos, vegetarianos e seguidores de certas religiões (como o Judaísmo, que proíbe o consumo de insetos), a presença de um derivado de inseto em um produto aparentemente inofensivo como um iogurte é um problema sério.
A revelação de que o “corante natural” pode vir de um inseto esmagado é um poderoso lembrete da importância de ler os rótulos com atenção e de questionar a origem do que comemos. A cor vibrante do seu próximo iogurte de morango pode ter uma história muito mais complexa do que você imaginava.
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