Ele invadiu as cozinhas, as prateleiras dos supermercados e os feeds das redes sociais. O Sal Rosa do Himalaia, com sua cor delicada e sua origem exótica, se tornou um símbolo de alimentação saudável e consciente. A narrativa de marketing por trás dele é poderosa: ele seria um sal puro, “intocado pela poluição moderna”, e, o mais importante, carregado com “84 minerais essenciais” que o tornariam uma alternativa muito mais saudável ao sal de cozinha comum, especialmente para pessoas com hipertensão.
Mas, quando separamos o marketing da ciência, essa alegação se sustenta? O sal rosa é realmente melhor para quem tem pressão alta?
A resposta curta e direta, baseada na ciência da nutrição, é um sonoro NÃO. A ideia de que o sal rosa é uma opção segura ou melhor para hipertensos é um dos mitos mais perigosos da nutrição moderna.
O X da Questão: Sódio é Sódio
Para entender por que o sal rosa não é melhor para a pressão alta, precisamos ir ao cerne do problema. O que causa o aumento da pressão arterial relacionado ao sal não é o “sal” em si, mas sim um componente químico específico: o sódio.
O sódio, quando consumido em excesso, faz com que o corpo retenha mais líquidos para diluí-lo na corrente sanguínea. Esse aumento no volume de sangue dentro dos vasos sanguíneos aumenta a pressão sobre as paredes das artérias, resultando na hipertensão.
Agora, vamos analisar a composição química tanto do sal de cozinha comum quanto do Sal Rosa do Himalaia:
Sal de Cozinha Comum (Refinado): É aproximadamente 97% a 99% Cloreto de Sódio (NaCl). O restante são aditivos como iodeto (para prevenir o bócio) и agentes antiaglomerantes.
Sal Rosa do Himalaia: É aproximadamente 98% Cloreto de Sódio (NaCl).
A semelhança é gritante. A composição fundamental de ambos os sais é praticamente idêntica. A quantidade de sódio por porção é essencialmente a mesma. Portanto, o impacto que ambos têm sobre a pressão arterial é o mesmo. Para o seu corpo e suas artérias, sódio é sódio, não importa se ele vem de um cristal rosa ou de um grão branco.
E os “84 Minerais Mágicos”?
A grande alegação de marketing do sal rosa é a presença de 84 minerais e oligoelementos. É essa mistura de minerais (como potássio, magnésio e cálcio) que confere ao sal sua coloração rosada.

Embora seja verdade que esses minerais estão presentes, a quantidade em que eles aparecem é nutricionalmente insignificante. Os tais “84 minerais” compõem apenas cerca de 2% da estrutura do sal. Para obter uma quantidade relevante de magnésio ou potássio a partir do sal rosa, você teria que consumir uma quantidade de sódio tão absurdamente alta que seria extremamente perigosa para a sua saúde.
É muito mais eficaz e seguro obter esses minerais a partir de alimentos de verdade, como folhas verdes escuras, nozes, sementes e frutas. A alegação dos 84 minerais é uma verdade técnica usada para criar uma percepção de benefício à saúde que, na prática, não existe.
Conclusão: A Cor Não Importa, a Quantidade Sim
O Sal Rosa do Himalaia não é um superalimento. Ele é, para todos os efeitos práticos, apenas sal com uma cor bonita e um marketing muito eficiente. Ele não é “melhor” para a hipertensão, não é mais “saudável” e não deve ser consumido de forma mais liberal do que o sal comum.
A verdadeira chave para o controle da pressão arterial não é trocar o tipo de sal, mas sim reduzir a quantidade total de sódio na sua dieta. Isso significa:
Usar menos sal no preparo dos alimentos, independentemente da cor.
Priorizar temperos naturais como alho, cebola, ervas e especiarias.
Reduzir drasticamente o consumo de alimentos ultraprocessados (como salgadinhos, embutidos, macarrão instantâneo e molhos prontos), que são as maiores fontes de sódio na dieta moderna.
Não se deixe enganar pela cor ou pelo preço. Quando se trata da sua saúde cardiovascular, a regra é clara e simples: menos sódio, sempre.
Gostou de desvendar este mito? Compartilhe para que mais pessoas com hipertensão não caiam nesta armadilha! Siga nossas redes para mais informações de saúde baseadas na ciência.